UM MINUTO DE ATENÇÃO. “MAIS MÉDICOS” PARA NAÇÃO!

O cordel foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro em 2018 e como forma de incentivar o conhecimento e divulgação dessa cultura, publicaremos cordéis que possam ser usados em sala de aula. Na publicação de hoje, temos o cordel “Um minuto de atenção. “Mais Médicos” para nação!” de autoria de Tássio Barreto Cunha, o baiano.

UM MINUTO DE ATENÇÃO. “MAIS MÉDICOS” PARA NAÇÃO!

Tássio Barreto Cunha, “baiano”

Presidente Prudente – SP

Inverno 2013

Primeiro devo pedir licença,

pois agora vou falar.

Sobre o programa “Mais Médicos”,

que o governo acaba de apresentar.

A nação brasileira,

gente mais que guerreira,

que nas ruas acabou de se pronunciar.


É falando dos atos de junho,

que gostaria de começar.

Esse um fato histórico,

ocorrido do Rio Grande até o Amapá.

Com gente pedindo saúde, educação…

emprego e mobilidade para nação,

políticas escassas desde Mem de Sá.


O povo saiu às ruas,

e a popularidade da presidenta baixou.

Vista como culpada pelo tumulto,

que atores desconhecidos provocou.

Usados como bucha de canhão,

cansados de tanta exclusão,

o brasileiro nas ruas desabafou.


Com a queda da popularidade,

e o medo de perder o poder.

A presidenta Dilma quis agir rápido,

e alguns pedidos buscou atender.

Um dos voltou-se a saúde,

para uns de muita virtude…

tendo o “Mais Médicos” a oferecer.


Programa de grande polêmica,

pois mexeu com parte da classe dominante.

Provocando-os efervescência,

transformando até o seu semblante.

Fazendo estes profissionais irem às ruas,

opostos como as fases da lua…

indo só depois dos protestos energizantes.


Aqui deixo claro,

que não estou generalizando.

Mas acredito que grande parte,

apóia esse desmando.

De vaiar colega de profissão,

com todo ar de negativação,

querendo a todo custo continuar mandando.


Sei que a causa é histórica,

se tratando de hierarquia da profissão.

Médico e Advogado no Brasil é doutor,

reconhecido pela constituição.

Mas o medo de perder o trono efervesce,

aquele que tanto se enaltece…

com o status de sua ocupação.


Para animar minha instiga,

dos cubanos um pouco vou falar.

Acusados de trabalho escravo,

comparados com domésticas do lar.

Viajam o mundo todo,

socorrendo o pobre em todo lugar.


De Greenwich a linha de mudança de data,

do pólo norte a Antártida.

Por que só no Brasil não podem trabalhar?


Esse é um trabalho escravo diferente,

um tanto quanto inovador.

Além de um acordo coerente,

com o aceite do trabalhador.

Os camaradas são bem educados,

longe de serem mal tratados,

aqui chamados até de doutor.


Em relação à comparação,

direcionada as empregadas domésticas.

Acredito em uma razão,

Aponto isso à questão étnica.


Pois a etnia do cubano é similar a do brasileiro,

Povos com negra cor.

A diferença só está no nível de escolarização,

que proporciona grande fração,

entre analfabetos e gente com nível superior.


Agora vamos ao exame de revalidação.

Isso temos que refletir.

Sendo um argumento polêmico,

pois desse, o médico deveria advir.

O formado no exterior,

mesmo em faculdade de grande valor,

a profissão no Brasil não poderia seguir.


E os médicos brasileiros,

tal exame toparia prestar?

Imaginem o resultado?

E o “moído” que isso ia dar?

E a quantidade de reprovados?

Vixiiii, vou parar até de rimar.


Pensando na qualidade do serviço oferecido,

durante a vida de cada um.

Só de pensar fico vermelho,

parecendo com urucum.

Sobretudo ao modelo curativo da medicina,

desarrumado feito vôo de anum.


Na verdade o que nos transparece,

é preconceito de classe e luta de mercado.

Como sempre, excluídos,

versus aqueles mais abastados.

Que com medo de perderem o posto,

não estão nem aí para os marginalizados.


Contudo nesse momento,

temos que parar e pensar.

Naqueles excluídos,

sem casa para morar.

Estando ainda mais longe,

de terem direito a um serviço hospitalar.


Ainda tem muito brasileiro,

morrendo sem acesso a serviços de saúde.

Sabendo disso “meu irmão”,

peço que não se ilude.

Com um discurso sem fundamento,

sem nexo e nem fomento,

contrário a uma saúde de atitude.


Caminhando para o fim desses versos,

aqui quero deixar claro.

Que sou a favor da continuidade do debate,

que sem dúvida precisa de um bom reparo.

Sobretudo ao modelo de saúde,

necessitando com urgência e virtude,

o combate ao despreparo.


Penso nisso pelo que está aí,

assim me faz raciocinar.

Mesmo com tanto remédio e hospital,

o povo continua a se adoentar.

Um número que só cresce,

é tanto doente que chega aborrece,

aqueles que querem mudar esse lugar.


“Mais dinheiro, mais remédio,

acompanhado de hospital.”

Estamos cansados desse discurso,

que já parece apresentação de coral.

Queremos mesmo é um serviço público,

visto pelo povo como lúdico,

em escala e estrutura a nível nacional.


Pensando na prevenção e fortalecimento do SUS,

assim deve ocorrer.

Criando fissuras junto aos hegemônicos,

para o sistema enfraquecer.

Caminhando para uma sociedade emancipada,

independente e idolatrada,

pelos benefícios a lhe oferecer.


Mais médicos sim!

Não ao trabalho mercadoria.

O povo precisa de saúde,

para poder ter alegria.

Pois ficar doente ninguém gosta,

sobretudo com doença imposta,

por uma medicina de infantaria.


Se médico estrangeiro vai atender,

isso é problema da nação.

Uma classe somente,

não pode ditar o sim ou não.

Mas tenho certeza,

que com muita destreza,

essa posição será advinda da população.


Como mero professor,

aqui deixo meu abraço.

Mesmo não ganhando 10 MIL,

não posso perder o passo.

Pois com os soados 1567 “pilas”,

não perco o compasso.

Portanto acredito e luto,

no aluno colhendo o fruto,

continuando alegre feito palhaço.


Se utilizar o cordel, não se esqueça de dar créditos ao Tássio e ao site Geografia no Vestibular.

Sobre o autor

Tássio Barreto de Cunha escreve cordéis e é doutor em geografia e mestre em engenharia urbana e ambiental. Atualmente é professor de geografia do Instituto Federal de Brasília-IFB, no campus de Riacho Fundo (graduação em geografia licenciatura).

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