Entenda o motivo de Trump cancelar o acordo de Barack Obama e Cuba.
Donald Trump anunciou cancelar o acordo entre Obama e Cuba, como pode ser lido aqui. Este acordo, entre o ex-presidente norte-americano e o país caribenho, seria o primeiro passo de promover na prática maiores relações entre os países após o embargo econômico (caso desconheça o motivo do embargo eu indico o texto a Relação entre EUA e Cuba: do imperialismo ao embargo econômico).
Naturalmente, o Trump alega que espera que Cuba vire uma democracia para que o país possa relacionar-se novamente. De fato existe a ditadura cubana, mas esse argumento esconde a hipocrisia da política externa norte-americana. Gustavo Chacra explica essa hipocrisia no texto Por que é hipocrisia criticar Cuba, mas não a Arábia Saúdita? .
Para Chacra é hipocrisia pois:
O que não dá para tolerar é alguém condenar publicamente Cuba ao mesmo tempo que elogia a Arábia Saudita como aliada. O regime saudita é mais sanguinário do que o cubano e trata mulheres, homossexuais e minorias religiosas como cidadãos de segunda classe. Logo, é compreensível e legítimo condenar Cuba E a Arábia Saudita. Agora, condenar Cuba e tratar a Arábia Saudita como aliada é hipocrisia.
Por que a diferença? Sim, em realismo político existe. A Arábia Saudita é um cliente na compra de armas e tem o petróleo, além de ser um aliado americano contra o Irã. Cuba não tem dinheiro para comprar armas e muito menos petróleo. O regime cubano também se posiciona ainda como adversário dos EUA, enquanto o regime saudita se diz amigo.
Mas, se a crítica envolver a ditadura cubana, não dá para aceitar que o crítico seja um entusiasta da ditadura saudita, para não falar na ditadura egípcia e outras tantas ao redor do mundo que não são alvos de críticas e sim de elogios.
A aliança entre EUA e o principal país produtor e exportador de petróleo tem um interesse geopolítico e econômico (leia sobre a visita de Trump à Arabia Saúdita). É fácil defender a bandeira da democracia quando condena o regime, mas é aceitável defender a ditadura quando tem interesse geopolítico. Nas ditaduras militares da América Latina, é possível criticar essa hipocrisia da defesa da democracia. No documentário do historiador britânico John Pilger, intitulado de Guerra da Democracia (vídeo ou texto), ilustra bem essa política externa norte-americana e sua real preocupação da democracia.
É pelo mesmo motivo que Trump é criticado por ter proibido a entrada de imigrantes e refugiados de 7 países de maioria islâmica para combater os jihadistas. Dentre os 7 países proibidos, a Arábia Saudita, de maioria islâmica (e de onde partiu os terrorista jihadistas do 11 de setembro de 2001), nem sequer foi listada. Pelo bom senso, o tribunal norte-americano vetou a lei e que o presidente “excedeu o alcance da sua autoridade” e que não conseguiu comprar o real motivo (leia aqui).
Por fim, nada é novidade na política externa norte-americana e na sua defesa da democracia seletiva. Infelizmente, o embargo econômico em Cuba, que é condenado pela ONU, ficará mais longe de ser resolvida.
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