9 exercícios de Geografia cobrados na 2ª fase da Unicamp 2017

Separamos 6 questões de Geografia e outras 3 questões correlacionadas cobradas no vestibular da 2ªa fase da Unicamp, aplicadas entre os dias 15 a 17 de janeiro.

O resultado da Unicamp será divulgado no dia 13 de fevereiro

 

As demais provas e correções podem ser visualizadas neste link.

1)

1-unicamp_projeção e mapa.png

a) Explique por que a Groenlândia e a Península Arábica, que possuem aproximadamente a mesma superfície em km², no mapa-múndi acima apresentam dimensões tão discrepantes, e indique qual é a projeção desse mapa-múndi.

b) Defina escala cartográfica e indique se o mapa acima apresenta uma escala grande ou pequena.

Respostas:

A) O mapa foi confeccionado com base na projeção de Mercator, uma projeção cilíndrica, que prioriza a forma em detrimento da proporcionalidade das áreas continentais. Ou seja, as áreas de baixas latitudes (próximas a Linha do Equador) são retratadas de modo mais fiel à realidade (como a Península Arábica), enquanto as áreas de altas latitudes (mais afastadas da Linha do Equador e mais próximas aos polos) apresentam distorções (é o caso da Groenlândia).

Veja esse vídeo que explica sobre como um mapa pode nos enganar sobre o tamanho

Outra explicação pode ser visto nesse mapa

projeção Mercator_posição dos EUA_cartografia.jpg
No mapa é simulado a mudança da posição dos EUA

B) A escala cartográfica é uma relação de proporção entre a realidade e sua representação, ou seja, nos indica a proporção entre o objeto real (a Terra) e a sua representação (o mapa). Sobre a grandeza da escala do mapa é pequena, pois apresenta poucos detalhes e uma grande área cartografada.

2)

2 - unicamp carvão mineral.png

a) Conforme o esboço acima, explique como se dá o processo de formação do carvão mineral e indique qual dos tipos listados acima possui o menor porcentual de carbono e qual possui o maior porcentual de carbono.

b) Apresente pelo menos duas formas de uso do carvão mineral

Resposta

A) O carvão mineral é um combustível fóssil formado pela deposição de sedimentos sobre antigas áreas florestais em ambientes lacustres, as quais sofreram decomposição pela ação da pressão e da temperatura ao longo da era geológica paleozoica, no período carbonífero. O carvão apresenta mais pureza quanto maior o teor de carbono. Dos tipos listados, o antracito é o que apresenta maior porcentual de carbono e a turfa, o menor porcentual.

B) Há diversas formas de uso, do carvão mineral, sendo as principais a produção de energia elétrica nas termoelétricas e o aquecimento de fornos de siderúrgicas.

3)  A Amazônia vem, neste início de século, despontando como um novo front energético do território brasileiro. Envolvendo questões bastante controvertidas, encontramos as grandes hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira (Rondônia), e Belo Monte, no rio Xingu (Pará). Além dessas obras, há ainda projetos de construção de novas grandes hidroelétricas, como a usina de São Luiz do Tapajós, no rio Tapajós (Pará). A construção de novas hidroelétricas deve responder pelo aumento do consumo de energia elétrica que acompanha os processos de urbanização e industrialização no país.

a) Que região brasileira apresenta o maior potencial hidroelétrico instalado atualmente e por que a Amazônia tornou-se um novo front para a construção de grandes hidroelétricas?

b) Indique qual dos setores, comercial, industrial e residencial, apresenta o maior e o menor consumo de energia elétrica no Brasil e cite um exemplo de indústria energointensiva existente na Amazônia.

Resposta:

a) A região brasileira com o maior potencial hidrelétrico instalado é a Sudeste, devido ao processo de industrialização e urbanização. Atualmente, a Amazônia consolidou-se como um novo front para a construção de grandes hidrelétricas devido ao seu altíssimo potencial hidráulico nos rios Xingu, Madeira, Tapajós e muitos outros.

b) O setor industrial é o que mais consome energia elétrica e o setor comercial é o que menos consome. Entre os exemplos de indústrias energointensivas existentes na Amazônia podemos apontar a siderurgia e a produção de alumínio.

4) A região destacada na figura abaixo, conhecida pelo acrônimo MATOPIBA, é formada por frações dos territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, por onde se expande a fronteira agrícola no Brasil. Reúne 337 municípios e representa aproximadamente 73 milhões de hectares. Existem na área cerca de 327 estabelecimentos agrícolas, 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas e 778 assentamentos de reforma agrária.

(Adaptado de EMBRAPA https://www.embrapa.br. Acessado em 10/08/2016.)

3_matotiba_unicamp 2017.png

a) A difusão do moderno circuito da produção agrícola reorganizou aceleradamente o espaço regional em questão e fez proliferar inúmeros conflitos territoriais. Mencione ao menos dois agentes que, em lados opostos, disputam um sentido para essas transformações territoriais (ou modernizações).

b) Indique o tipo de bioma e a cultura agrícola predominantes na região.

Resposta

a) Entre os agentes que disputam um sentido para as modernizações na região em questão encontram-se, de um lado, os agentes hegemônicos como as grandes empresas do setor agroalimentar (o agronegócio), os grandes proprietários de terras destinadas aos monocultivos agroflorestais e o Estado; de outro lado, os agentes hegemonizados como as comunidades agroextrativistas, envolvendo populações de pequenos proprietários, posseiros, indígenas e quilombolas, entre outras.

b) O bioma predominante em MATOPIBA é o cerrado, tendo a soja como a cultura agrícola predominante.

5) Imagem de um antigo palacete na Vila Itororó, em São Paulo-SP, que se tornou um cortiço.

5_cortiço_unicamp 2017.png

a) O que define os cortiços? Em que momento da urbanização brasileira eles surgiram?

b) Aponte ao menos dois fatores que explicam a permanência dos cortiços nas grandes cidades brasileiras ainda hoje.

Resposta

a) Cortiço é uma habitação coletiva, multifamiliar, com condições precárias e de aluguel. Este tipo de habitação surgiu no início do processo de urbanização e industrialização do final do século XIX em São Paulo e no Rio de Janeiro. Durante as primeiras décadas do século XX, o cortiço foi a principal forma de habitação dos trabalhadores urbanos com baixa renda.

b) Os fatores que explicam a permanência dos cortiços podem ser como: economia da despesa com transporte; menor tempo de viagem entre a moradia e o trabalho; melhor oportunidade de trabalho, inclusive no mercado formal; acesso aos equipamentos públicos, como creches, escolas, hospitais, áreas de lazer, etc.; alta rentabilidade do mercado de aluguel de cortiços; deficit habitacional agravado pela falta de investimentos em política habitacional.

6) A figura abaixo é uma arte cartográfica produzida pelo artista Julien Bousac.

6_unicamp_palestina.png

a) Por que essa arte cartográfica, produzida pelo artista Julien Bousac, retrata a Palestina como um arquipélago? E quais são os dois territórios reservados atualmente aos palestinos, retratados nessa arte?

b) Os conflitos entre israelenses e palestinos têm sido marcados por muita violência, tanto física ou aberta quanto simbólica. Indique uma forma de violência física e uma forma de violência simbólica a que estão expostos os palestinos.

Resposta

A) A Palestina é representada como um arquipélago em razão de todo o processo de fragmentação territorial imposto pelo Estado de Israel, por meio da construção de muros de isolamento e do estabelecimento de postos de controle para limitar a circulação da população palestina. Os dois territórios hoje reservados aos palestinos são a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

b) Constituem exemplos da violência física que atinge os palestinos a violência policial e as ocupações realizadas pelo exército israelense, além dos bombardeios que são realizados. Exemplos de violência simbólica são os preconceitos, a intolerância religiosa e política e a restrição à livre circulação dentro do espaço da Palestina.

Questões correlacionadas com a geografia

7)10_muro e hipocrisia_unicamp 2017.png

A charge de Carlos Latuff, publicada em 2016, faz associações sobre diversos processos do mundo contemporâneo. A primeira-ministra britânica, Theresa May, ouve uma voz enquanto carrega tijolos para a construção de um polêmico muro em Calais, na França.

a) Explique qual é a justificativa histórica para a exclamação “hipócritas” oriunda do muro de Berlim.

b) Por que a questão dos muros tornou-se um assunto recorrente na política internacional do século XXI? Justifique sua resposta a partir de uma das referências da charge.

Resposta:

A charge de Carlos Latuff, publicada em 2016, ironiza a posição da Inglaterra, representada pela figura da primeira-ministra britânica Thereza May, pertencente ao Partido Conservador, de defender a construção de novos muros que supostamente poderiam impedir a entrada de imigrantes em países europeus, como a Inglaterra e a França. O muro em construção na charge (sendo cimentado por um operário sem rosto) refere-se a Calais, acampamento de refugiados vindos do Afeganistão, Sudão e Eritreia, situado no norte da França. A hipocrisia, estampada no vestígio material do muro de Berlim, viria do fato de que a Inglaterra, ao longo de todo o período marcado pelo conflito da Guerra Fria, foi uma das nações defensoras na destruição desse muro, que simbolizava a divisão do mundo capitalista e comunista. Dessa forma, a contradição estaria na mudança de postura das nações que se posicionavam como defensoras da liberdade ao longo da segunda metade do século XX, mas, agora, estariam defendendo o fechamento de nações e a não circulação de pessoas.

b) A construção de muros expressa a ampliação dos discursos xenofóbicos, isolacionistas e ultrarreligiosos que estão presentes em diversas partes do mundo atual. Com o avanço dos partidos conservadores na liderança de diversas nações do mundo houve uma reconfiguração da política internacional e a tentativa de restrição à circulação de pessoas consideradas indesejadas, como os refugiados e os imigrantes ilegais. Os muros indicados na charge são exemplos do fortalecimento de discursos de ódio e preconceitos, como se observa nos muros já existentes na Palestina, nos EUA/México e na proposta do muro de Calais.

8) O ano de 1968 foi modelar: protestos, tumultos e motins em Praga, Chicago, Paris, Tóquio, Belgrado, Roma, México, Santiago… Da mesma maneira que as epidemias medievais não respeitavam as fronteiras religiosas nem as hierarquias sociais, a rebelião juvenil anulou as classificações ideológicas. No México, as reivindicações se resumiam a uma palavra: democratização. Os jovens pediram repetidas vezes “diálogo entre o governo e os estudantes”. A atitude dos estudantes dava ao governo a possibilidade de reorientar sua política. Bastaria ouvir o que o povo dizia por meio das reivindicações juvenis; ninguém esperava uma mudança radical, mas sim maior flexibilidade e uma volta à tradição da Revolução Mexicana, que nunca foi muito dogmática e sim muito sensível às mudanças no ânimo popular. (Adaptado de Octavio Paz, O labirinto da solidão. São Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 215; 222.) A partir do texto e de seus conhecimentos,

a) caracterize o sistema político mexicano em 1968 e indique um aspecto da Revolução Mexicana (1910- 1917) reivindicado pelos estudantes naquele contexto;

b) cite dois instantes do protagonismo juvenil na história brasileira após 1960

Resposta:

a) No contexto de 1968, o México era governado pelo PRI (Partido de la Revolución Institucional) de forma autoritária. Por décadas, o PRI foi o único partido no poder central e limitava a participação democrática de diferentes setores sociais. Os estudantes, às vésperas dos Jogos Olímpicos do México, protestavam contra o autoritarismo e reivindicavam maior liberdade e mais direitos sociais e políticos, a exemplo da Revolução Mexicana, que tinha uma pauta por princípios democráticos e sociais, como a reforma agrária.

b) Dois instantes do protagonismo juvenil pode ser citado: (i) o movimento cara-pintada durante o impeachment de Fernando Collor e (ii) na manifestação do Passe livre de junho de 2013.

9) “Naquele lugar, a guerra tinha morto a história. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. (…) Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte. A estrada que agora se abre aos nossos olhos não se entrecruza com outra nenhuma. (…) Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. (…) Fogem da guerra, dessa guerra que contaminara toda sua terra. Vão na ilusão de, mais além, haver um refúgio tranquilo. Avançam descalços, suas vestes têm a mesma cor do caminho. O velho se chama Tuahir. É magro, parece ter perdido toda sua substância. O jovem se chama Muidinga. Caminha à frente desde que saíra do campo de refugiados”. (Mia Couto, Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 9-10.)

O trecho acima, escrito por Mia Couto, traz uma narrativa sobre o cenário de guerra de Moçambique pós-independência (1977-1992). A partir do texto, responda às questões abaixo.

a) O que são refugiados? Explique, relacionando-os ao processo moçambicano.

b) Apresente dois elementos históricos comuns a Angola e Moçambique, após a independência do domínio português.

Resposta:

a) Os refugiados são indivíduos obrigados a deixar seus locais de origem, motivados por conflitos armados, perseguição religiosa ou política, violência generalizada, violação dos direitos humanos, catástrofes climáticas, etc. De acordo com o texto de Mia Couto, os refugiados de Moçambique derivam da guerra civil posterior à independência.

b) Entre os elementos históricos comuns a Angola e Moçambique no pós-independência era possível apontar: a ocorrência de guerras civis, influenciadas por ideologias externas no contexto da Guerra Fria e como desdobramentos de rivalidades internas pela disputa do poder; a instauração de governos autoritários; a manutenção da língua do colonizador, o português, como elemento de unificação local.

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